Cérebro Ansioso

Sabias que o cérebro ansioso pode perceber ameaças em situações quotidianas, mas que não têm riscos reais?

Pergunta: Já alguma vez sentiste que o teu coração disparava ou que ficavas em alerta, mesmo sem haver uma razão aparente para isso? Pode parecer esquisito, mas a verdade é que para muitas pessoas que sofrem de ansiedade, esta é uma experiência comum.

Na verdade o que acontece,  é que o cérebro ansioso tem uma curiosa tendência de ver perigo em situações do nosso dia a dia, onde, na realidade, não há qualquer tipo de risco.

Parece-vos uma contradição, não é? Ma como pode o nosso próprio cérebro ansioso estar a enganar-nos? A resposta parece estar na forma como o cérebro processa os sinais à sua volta. Neste artigo vou tentar explorar esta curiosidade sobre o cérebro ansioso!

Como é que o cérebro ansioso funciona

Já sabemos que a ansiedade é uma resposta natural do nosso corpo a situações de perigo, mas num cérebro ansioso, esse tipo de mecanismo de proteção está, muitas vezes, sobrecarregado. A parte do nosso cérebro responsável por detetar ameaças, que chamamos de amígdala, entra em ação com muita facilidade, mesmo quando estamos numa situação banal da nossa vida e de forma segura.

Imagina que estás simplesmente a tomar um café com um amigo ou familiar. Para a maioria das pessoas, este seria um momento relaxado. Mas, se tu tiveres um cérebro ansioso, é provável que ele comece a procurar problemas onde não existem. Será que estás a dizer as coisas certas? E se te esqueceres de algo que seja importante? O teu cérebro ansioso interpreta estas pequenas dúvidas como se fossem ameaças reais e aciona o alarme de “perigo” presente no teu corpo.

Este fenómeno tem a ver com uma reação biológica que todos nós temos: a famosa “luta ou fuga“. Esta resposta natural evoluiu para nos proteger de situações de perigo físico iminente, como ser atacado por um predador por exemplo. No entanto, no caso de quem tem um cérebro ansioso, esse sistema de alerta ativa-se em situações banais, como por exemplo falar em público ou tomar decisões que são simples para a maioria.

cerebro-ansioso

Porque é que o nosso cérebro faz isto?

Ora aqui está onde esta curiosidade fica ainda mais interessante. O cérebro ansioso, no fundo, está apenas e só a tentar proteger-nos. No entanto, ele exagera demasiado. Quando estamos constantemente em alerta, o nosso cérebro começa a ver perigos onde eles não existem. Pequenas mudanças no ambiente, um tom de voz diferente, ou até mesmo uma simples mensagem de texto podem ser mal interpretados como sinais de que algo está errado. E então, lá vai o cérebro ansioso ativar o alarme!

Por exemplo, alguém (como eu) que vive com ansiedade, pode estar numa fila de supermercado e começar a sentir-se desconfortável. (Acontece-me tantas vezes) Não há nada de ameaçador naquele momento, mas o cérebro ansioso começa a gerar pensamentos como: “E se algo de mau acontecer enquanto estou aqui? E se eu fizer algo errado que coloque em causa a minha segurança?”. Estes pensamentos fazem com que o nosso corpo reaja como se estivesse perante um perigo real, mesmo que seja apenas uma situação banal.

A ciência por trás desta perceção

De uma forma simples, o cérebro ansioso tem uma hiperatividade na parte responsável por interpretar os sinais de ameaça. Esta parte do cérebro pode ser “treinada” ao longo do tempo a reagir de forma exagerada a situações que não representam qualquer risco real. É como se tivéssemos uma espécie de “sistema de alarme” super sensível, que dispara ao mínimo sinal. Ai o cérebro ansioso!

Mas a parte mais curiosa é que esta reação exagerada não é assim tão fácil de controlar conscientemente. Para quem não vive com um cérebro ansioso, pode parecer óbvio que não há perigo numa conversa banal ou numa fila de supermercado, mas, para alguém com um cérebro ansioso, essas situações podem ser vistas como cenários cheios de possibilidades extremamente negativas.

ansiedade e cerebro ansioso

A ligação entre ansiedade e o passado evolutivo

Este comportamento tem uma explicação que faz parte da evolução. No passado, quando os seres humanos precisavam de estar constantemente em alerta para predadores e outros perigos, o cérebro ansioso desenvolveu esta capacidade de detetar ameaças rapidamente. Contudo, nos dias de hoje, não precisamos dessa hiperatividade constante para sobreviver. Ainda assim, o cérebro ansioso continua a funcionar como se estivéssemos em tempos pré-históricos, interpretando situações normais como se fossem perigos eminentes.

Interessante? Esta herança evolutiva ajuda-nos a entender porque é que pessoas com um cérebro ansioso experimentam estas reações em situações do nosso quotidiano.

 

Uma curiosidade com impacto no dia a dia

Saberes que o cérebro ansioso pode detetar ameaças em situações do quotidiano, sem que existam riscos reais, é uma curiosidade que, sem dúvida, afeta a forma como muitas pessoas vivem. Para quem não lida com ansiedade, pode ser difícil entender como alguém pode sentir-se em pânico numa situação banal, mas agora já tens uma explicação para isso.

A Compreensão

Compreender o que está por trás destas reações ajuda a desmistificar a ansiedade e pode trazer mais empatia para aqueles que vivem com esta condição. Afinal, o cérebro ansioso está apenas a fazer o seu trabalho — só que de forma um pouco exagerada!

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