Gritos e Confusão, a minha tormenta!

Gritos e Confusão: Como o Meu Transtorno de Ansiedade Reage a Estes Gatilhos

Se há duas coisas que me afetam profundamente no dia-a-dia, são os gritos e a confusão. Para muitos, estes sons são apenas parte da rotina, algo que pode até passar despercebido. Mas, para quem sofre de transtorno de ansiedade, como eu, os gritos e a confusão são como um autêntico alarme, ativando todas as respostas de alerta no meu cérebro, e aumentando de forma bastante intensa os meus níveis de ansiedade.

Quando estou rodeado de gritos e confusão, sinto que o meu cérebro começa a trabalhar a uma velocidade alarmante. Parece que estou a tentar processar todas as conversas, todos os sons e todos os movimentos à minha volta ao mesmo tempo. O resultado é que fico sobrecarregado, e o meu corpo responde com aquela familiar sensação de ansiedade: o coração acelera, os músculos ficam tensos, e a mente entra num estado de alerta total. A presença de gritos intensifica essa sensação, enquanto a confusão acelera a minha capacidade de absorver tudo o que é importante e o que não é.

O Impacto dos Gritos e da Confusão na Minha Ansiedade

Os gritos e a confusão são grandes gatilhos para o meu transtorno de ansiedade. Estes estímulos não são apenas irritantes para mim, eles fazem com que eu me sinta completamente desorientado. A minha mente começa a lutar para processar tudo, como se estivesse a tentar descodificar o caos à minha volta. Este esforço mental de tentar organizar o ruído e a desordem transforma-se rapidamente em stress e ansiedade.

Por vezes, parece que estou a ouvir o mundo inteiro ao mesmo tempo. Cada conversa, cada som, e cada movimento é captado pela minha mente, e o meu cérebro começa a disparar como se estivesse numa missão urgente para entender tudo.

No entanto, o resultado é o oposto: fico preso num ciclo de confusão interna que só alimenta a minha ansiedade. Os gritos à minha volta amplificam essa sensação, tornando tudo muito mais difícil de processar.

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A Sensação de Perda de Controlo

Um dos maiores desafios de lidar com gritos e confusão é a sensação avassaladora de perda de controlo. Quando estou num ambiente caótico, sinto como se o meu cérebro estivesse a tentar dividir-se em mil pedaços para processar todos os estímulos que surgem ao mesmo tempo. É como se estivesse preso na roda de espelhos da feira popular, num carrossel de sons e movimentos, incapaz de sair.

Por exemplo, numa sala cheia de gente a falar ao mesmo tempo, o simples ato de focar numa única conversa torna-se quase impossível, estando o meu cérebro focado em tudo ao mesmo tempo. Sinto-me bombardeado pelos sons. E se, nesse cenário, alguém começar a gritar, a minha ansiedade dispara instantaneamente, como se tivesse sido ativado um botão de pânico.

Não é apenas desconfortável — é sufocante. A confusão em redor e os gritos apenas intensificam essa sensação de perda de controlo, aumentando o meu desconforto.

Tentativas de Lidar com a Situação

Lidar com gritos e confusão no dia-a-dia não é fácil. Não podemos controlar o ambiente à nossa volta, e o mundo certamente não vai parar por causa da nossa ansiedade.

No entanto, ao longo do tempo, fui aprendendo a desenvolver algumas estratégias para tentar reduzir o impacto que estas situações têm sobre mim.

Uma das coisas que me tem ajudado é tentar abstrair-me mentalmente. Quando me encontro numa situação de grande confusão, tento focar a minha mente em algo que me traga tranquilidade. Penso num lugar onde me sinto seguro, onde há calma e silêncio. Às vezes, transporto-me para o meu “mundo mental”, um espaço que criei na minha cabeça onde posso estar em paz.

Não é fácil, principalmente quando a ansiedade já começou a tomar conta de mim, mas, com prática, tem-se tornado uma ferramenta valiosa. Esse meu escape mental tem sido fundamental quando os gritos à minha volta começam a aumentar, e a confusão parece tomar conta do ambiente.

Técnicas de Respiração para Acalmar a Mente

Outra técnica que tenho vindo a praticar é a respiração controlada. Quando os gritos e a confusão se tornam insuportáveis, tento focar-me na minha respiração. Inspiro profundamente e expiro lentamente. Isso ajuda-me a trazer a minha atenção de volta ao presente e a acalmar o corpo. Embora os gritos e a confusão ainda estejam presentes, focar-me na respiração cria uma pequena barreira entre mim e o caos que me rodeia.

Esta prática tem-me ajudado bastante. Quando a ansiedade começa a aumentar por causa dos gritos, simplesmente parar por uns momentos para respirar conscientemente faz com que o meu corpo receba o sinal de que está tudo bem, mesmo que a minha mente ainda esteja agitada. A confusão pode continuar a existir, mas concentrar-me na respiração dá-me uma sensação de controlo que de outra forma não teria.

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O Efeito dos Gritos e da Confusão no Meu Dia-a-Dia

O impacto que os gritos e a confusão têm no meu dia-a-dia é imenso. Situações que deveriam ser simples, como uma ida ao supermercado ou estar num local social, podem transformar-se num autêntico desafio. Tudo o que envolve muita gente e muito barulho ativa automaticamente os meus gatilhos de ansiedade.

Há dias em que tento evitar certos lugares, simplesmente porque sei que a confusão vai estar presente. Evito eventos movimentados ou até mesmo encontros com amigos em locais barulhentos. Não é que eu não queira estar presente — simplesmente sei que, nesses ambientes, vou estar constantemente em alerta e a minha ansiedade vai disparar a qualquer momento por causa dos gritos ou do caos ao redor.

Também afeta a minha produtividade no trabalho. Se estou num local onde há muitas distrações, gritos, ou confusão, a minha capacidade de focar reduz drasticamente. A minha mente divaga, tentando processar tudo o que está a acontecer ao redor, e o simples ato de concentrar-me numa tarefa pode tornar-se extremamente complicado. Os gritos interrompem o meu foco, e a confusão dificulta ainda mais a concentração, criando uma combinação que pode ser verdadeiramente paralisante.

Validar o Que Sinto e Ser Gentil Comigo Mesmo

Com o tempo, aprendi a importância de validar o que sinto. A ansiedade é uma parte de mim, e os gritos e a confusão são dois dos maiores gatilhos para essa ansiedade. Não há razão para me sentir culpado ou frustrado por isso. O meu cérebro simplesmente reage dessa forma, e o melhor que posso fazer é encontrar maneiras de gerir essa reação.

Aceitar que sou mais sensível a esses estímulos e tentar ser gentil comigo mesmo tem sido um grande passo no meu processo de lidar com a ansiedade. Há dias em que sinto que estou a lidar melhor com os gritos e a confusão, e outros dias em que parece que estou a ser esmagado por esses gatilhos. Mas, no final, o que importa é continuar a tentar.

 

A ansiedade e os ataques de pânico são apenas capítulos e não a história completa…

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